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7 MITOS DE COMBINAR CORES.

Quando cheguei ao Brasil pela primeira vez, vindo da Argentina, alguém me disse: "Fica tranquila, você vai entender tudo de português, é muito fácil e parecido com espanhol." Risos... Em apenas um dia, percebi que isso era um grande mito. Depois descobri que quem me disse isso só tinha vindo ao Brasil nas férias, como turista. Então entendi que falar português pode parecer fácil durante uma visita, mas trabalhar no idioma, como era o meu caso, é outra coisa.


Isso mesmo aconteceu comigo quando comecei a trabalhar com cores. Eu achava que escolher cores, combinar cores era fácil. No fim das contas, fazia isso em forma natural, muito intuitiva. Risos... Mas bastou um único projeto errado para que entendesse que isso é um grande mito. Entendi que escolher e combinar cores pode parecer fácil, mas ser especialista em cores, entender a cor em todas suas dimensões e qual é o real papel da intuição colorida para um profissional, é outra coisa.


Esse é o primeiro de uma série de 7 mitos de combinar cores que vou compartilhar com você hoje. Vamos avançar neles todos um a um:


1. O primeiro mito é achar que trabalhar com cor é fácil.


Essa ideia talvez venha do fato de que a cor sempre fez parte do nosso dia a dia; desde o mesmo dia do nascimento, somos impactadas e influenciadas por ela. Desde pequenas, lidamos com cores: pintamos, desenhamos, escolhemos roupas para bonecas, para nós mesmas e damos dicas de cor para amigas, namorados, maridos e filhos. E quem estuda design certamente aprende a teoria básica das cores... então, quão difícil pode ser escolher e combinar cores?


Na minha opinião, a dificuldade aumenta à medida que você leva suas escolhas de cor a sério. Quando você começa a ir além da teoria básica, a entender como as cores comunicam, que elas são relativas e influenciadas pelo contexto, pelas outras cores ao redor e pela luz... ah, a luz! Com esse olhar mais atento, fica claro que acreditar que trabalhar com cor é fácil é, de fato, um mito.


2. O segundo mito é o que escutamos dos clientes, que eles não gostam de cor.


Aconteceu assim: eu estava em uma reunião de briefing com novos clientes, e eles repetiam várias vezes que gostavam de branco e cinza. Eles até mostraram uma pasta do Pinterest cheia de ambientes brancos e cinzas. Passavam os minutos, e comecei a me perguntar se eu, uma designer de interiores especializada em cor, poderia realmente ajudar. E olha só, embora branco e cinza sejam cores, parecia que eles não estavam sendo intencionais nas escolhas.


Quando chegou a minha vez de fazer perguntas sobre seus gostos, usei meu método habitual: mostrar referências de ambientes coloridos para estimular a conversa. E, para minha surpresa, eles começaram a se interessar. Uma após outra, ficaram curiosos com as soluções coloridas. Até que um deles disse: "Agora entendi, não é que não gostamos de cor, é que não sabemos usar cor."


Eu sorri e respondi: "Sorte a de vocês, porque eu sei usar cor."


Esse dia compreendi que, na maioria das vezes, os clientes dizem que não gostam de cores, mas na verdade, eles não sabem como usá-las. Eles não sabem do que gostam, nunca pararam para pensar, e não foram estimulados a considerar as cores. Eles só precisam de uma profissional confiante e segura para guiá-los na escolha e combinação das cores.


3. O terceiro mito é que o círculo cromático é a melhor ferramenta para combinar cores.


Esse mito começou a surgir bem cedo, enquanto eu ainda estudava design de interiores. Durante o curso, tivemos um módulo de cores, onde nos ensinaram a usar o círculo cromático para "colorir" nossos projetos. Para minha surpresa, quando todos apresentávamos nossos esquemas de cores, eles eram praticamente iguais, com pouca ou nenhuma variação entre os projetos. Eu me perguntava: como isso é possível? A cor não deveria ser uma fonte infinita de criatividade?


Com o tempo, percebi que o círculo cromático é excelente para entender a teoria básica das cores, mas não é a melhor ferramenta para combinar cores. Acreditar nisso é um mito. Combinar cores vai além do círculo cromático. Envolve desejos de comunicação, contextos, tonalidades, contrastes, proporções e, principalmente, liberdade—algo que o círculo cromático não oferece.


4. O quarto mito é que não é possível criar combinações elegantes e coloridas ao mesmo tempo. Esse mito vem de longa data, com raízes até na história da cor. Então... será que é mesmo um mito? Claro que sim! Nada poderia estar mais distante da verdade.


Acreditar que não é possível criar combinações que sejam elegantes e coloridas ao mesmo tempo mostra falta de conhecimento sobre como a cor realmente funciona. É ignorar as dimensões das cores, as forças dos contrastes e o incrível poder das proporções—tudo que um especialista em cor entende e aplica em seus projetos coloridos.


5. O quinto mito é acreditar que ter bom gosto é suficiente para ser um especialista em cores.


Esse mito é daqueles que pode gerar polêmica. Afinal, não é preciso ter bom gosto para combinar cores? E, se eu tenho bom gosto, isso não me garante boas combinações? Para entender por que isso é um mito, precisamos esclarecer o que significa "bom gosto". Normalmente, essa expressão se refere à capacidade de fazer escolhas estéticas apropriadas ou agradáveis. Até aí, tudo bem. No entanto, o bom gosto na estética é um conceito subjetivo, que pode variar de pessoa para pessoa.


Quando se trata de um especialista em cor, é justamente o gosto pessoal que deve ser "isolado" primeiro. Isso permite ao profissional trabalhar com liberdade, sem transformar todos os projetos em uma expressão puramente subjetiva.


Quando o especialista em cor amplia seu repertório estético além do gosto pessoal, ele percebe um crescimento significativo em sua versatilidade e na compreensão de como as cores podem atender a diferentes objetivos. Em outras palavras, quebrar esse mito traz infinitos resultados positivos.


6. O sexto mito é acreditar que saber de psicologia das cores é suficiente para combinar cores.


Talvez uma das primeiras buscas no Google de quem deseja se tornar especialista em cor seja "psicologia das cores", e isso é natural. Eu também passei por isso. O mito é acreditar que a psicologia das cores sozinha é suficiente para combinar cores.


Por exemplo, podemos ver afirmações como: para comunicar alegria, use um pouco de amarelo, e para transmitir elegância, um pouco de preto. Mas será que a combinação de amarelo e preto trará alegria e elegância juntas? Ou será que o efeito das cores, dependendo das tonalidades, proporções e do contexto (além dos materiais, texturas e acabamentos), pode resultar em sensações e emoções que podem ter muito, pouco ou nada a ver com alegria e elegância?


Nada na cor é tão simples quanto "faça X e terá Y". Não existem fórmulas fixas para as cores; se alguém afirmar o contrário, desconfie, pois é um mito.


7. O sétimo mito é acreditar que apenas aprender como as cores funcionam, entender sobre tonalidades, contrastes e proporções é suficiente para saber combinar cores.


Você pode estar pensando: "Mas você não disse antes que é necessário aprender tudo isso para combinar cores?" Sim, eu disse, e é verdade. O mito é achar que isso é tudo o que você precisa.


A realidade é que, além de adquirir esse conhecimento, é essencial treinar. Combinar cores é uma habilidade que precisa ser praticada. Você vai se tornar realmente boa em combinar cores quando unir o conhecimento teórico com a sua intuição colorida e treinar, se desafiar e treinar mais um pouco.


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Nos vemos logo mais em 7 dias, abraço colorido!

Felicitas


livro digital use cor sem medo cores lovers


Imagem de capa Unsplash+ Mohamed Nohassi.

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