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COMO USAR A "PSICOLOGIA DAS CORES" AO CRIAR UMA IDENTIDADE CROMÁTICA.

Que as cores mexem com as nossas emoções, ninguém duvida. Só com buscar "Psicologia das Cores" em Google (ou, sendo mais moderna, perguntando ao Chat GPT), teremos inúmeras respostas que abordam "os significados das cores". Animo a dizer que talvez seja um dos temas que mais curiosidade gera na hora de criar uma identidade cromática.


Quando pensamos na forma em que as cores estão presentes em praticamente todas as decisões que tomamos no nosso dia a dia desde que acordamos até que vamos dormir, é natural que olhemos com atenção à influência que elas têm no nosso acionar.


Pensa comigo: você usaria uma peça de roupa com uma modelagem que cai bem em você e em uma cor que você não gosta? Você compraria um sofá confortável para sua sala em uma cor que não combina com o restante da mobília? Você aceleraria em uma avenida quando o farol na tua frente está vermelho? Você sairia sem guarda chuva de casa quando o céu está carregado de nuvens densas e escuras no horizonte?


Tenho certeza que você concorda comigo que as cores, de uma forma ou outra, influenciam tuas decisões. A questão é: como é que isso acontece?


Ao ler as respostas do Google, ou do Chat GPT, sobre Psicologia das Cores encontraremos afirmações como: azul é a cor da serenidade e da calma, vermelho é a cor da motivação e da vitalidade, amarelo é cor da inspiração, laranja é a cor da juventude e do entusiasmo, verde é a cor da saúde, violeta é a cor da espiritualidade.... e assim vai.


A pergunta que podemos nos fazer é: esse tipo de afirmações são mito ou verdade? E a resposta é, depende.


A palavra "depende" talvez seja uma das respostas mais frequentes a toda pergunta sobre cores e emoções, sabe por que? Porque no mundo das cores são praticamente inexistentes as verdades universais quando se trata da forma em que as cores comunicam e influenciam as nossas ações e comportamentos.

Então, aqui vai a minha primeira dica: desconfia quando você escuta ou lê que uma cor X faz Y. Não existe tal linearidade no mundo da cor, não há tal relação de causa e efeito que seja tão previsível. Se assim fosse seria muito fácil, não acha?


Se assim fosse todos os quartos para dormir seriam azuis, todas as roupas de correr seriam vermelhas, todas as exposições de arte teriam corredores amarelos, todas as roupas para garotas e garotos de 16 anos seriam laranjas, todos os médicos teriam consultórios decorados com verde e todos os livros de meditação teriam capas violeta.


o ato de ver e interpretar as cores es subjetivo

Fontes imagens: Unsplash


No mundo da cor nada é linear por três motivos:

  1. porque o ato de ver cores é subjetivo,

  2. porque o ato de interpretar as cores também é subjetivo,

  3. porque o contexto no qual as cores "vivem" e são entendidas muda o tempo todo.


O ato de ver as cores é subjetivo porque tem a ver com as nossas experiências desde o mesmo dia que nascemos e tudo que vivemos ao longo da nossa vida. Daí vem a constatação de que pessoas nascem e habitam florestas a vida toda, conseguem identificar muitas mais tonalidades de verde do que outras pessoas que não nascem nem habitam em florestas a vida toda. O mesmo acontece com pessoas que habitam em locais gelados com neve que conseguem identificar muitas mais tonalidades de branco do que pessoas que não habitam em locais gelados com neve.


O ato de interpretar cores é subjetivo porque também tem a ver com as nossas experiências desde o mesmo dia que nascemos e tudo que vivemos ao longo da nossa vida. Mas aqui não se trata de ver mais ou menos tonalidades, mas das associações pessoais que damos às cores das nossas experiências coloridas. Aqui entram em jogo as memórias e como elas "ativam" uma emoção atrelada a uma sensação e percepção repetida no passado. Por exemplo: toda vez que eu vejo um sofá de veludo verde (e olha que ultimamente tenho visto muitos por aí) ele me lembra o sofá da minha casa na infância que era também de veludo verde e junto com a lembrança chegam emoções atreladas à vida em família.


E por último, o contexto no qual as cores são entendidas é definitório da forma em que interpretamos as cores. Seguindo o exemplo anterior: eu revivo emoções ligadas à vida em família quando vejo um sofá em veludo verde, não quando vejo um vestido de noite em veludo verde. Neste exemplo, se trata de uma mudança de contexto pessoal. Mas se continuamos com o exemplo da cor verde e em um sentido mais universal, vemos que verde é uma cor tanto usada em contextos de natureza como em contextos sobrenaturais. Dá para entender a importância do contexto na forma em que percebemos as cores?


cor verde natural e sobrenatural

Fontes imagens: Think Green | Harry Potter


Mas... a esta altura você deve estar se perguntando: então... como interpretar aquelas respostas do Google (ou o Chat GPT) sobre a "Psicologia das Cores"? Aquelas respostas de que o azul é a cor da serenidade e da calma, vermelho é a cor da motivação e da vitalidade, amarelo é cor da inspiração... tudo isso não serve de nada?


Ei, ei, ei, muita calma aí! Lembra que minha resposta sobre se essas afirmações eram mito ou verdade foi... depende? Vamos lá a explicar o tal "depende".


Pois é, se essas respostas do Google (ou do Chat GPT) são tidas como respostas absolutas à forma em que as cores comunicam, isso não é verdade.


Mas, se tal como ensina Frank Mahnke, você considera todas essas respostas como influências que chegam até nós como resultado de reações biológicas, do inconsciente coletivo, de associações conscientes apreendidas como seres sociais que somos e como respostas de influências culturais que pela sua vez podem ser afetadas pelas influências de tendências e pelas associações pessoais com as cores, pois então, isso sim é verdadeiro.

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Na prática, como você pode aplicar estes conhecimentos na hora de criar uma identidade cromática para teus projetos os produtos coloridos?


Se você realiza projetos para um cliente, ou um grupo familiar, com quem você tem acesso para realizar um briefing personalizado, conversar, trocar ideias, ouvir o que eles têm a dizer... nesse caso você irá trabalhar a identidade cromática do teu projeto levando em consideração as memórias coloridas e associações pessoais de cores dessas pessoas. Diria que neste caso as associações mais "universais" das cores serão secundárias para você.


Se você realiza projetos para um nicho ou segmento de mercado, com quem você não tem um acesso personalizado mas um acesso ao grupo como todo, em forma agregada... nesse caso você vai tentar criar uma conversa colorida entre a identidade cromática do teu produto (que responde a uma personalidade de marca) e a forma em que o nicho ou segmento interpretam essa conversa colorida sendo que, nesse ponto, as associações "universais" das cores terão maior peso na hora de validar essas escolhas.


Ou seja, de novo, não há uma única forma de criar uma identidade cromática... de novo, tudo depende!


Abraço colorido!

Felicitas


Curso cores e emoções



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Felicitas Piñeiro. Diretora Criativa e fundadora.

Especialista em cores e designer de Interiores.

Não existe emoção sem cor. 
felicitas@coreslovers.com
São Paulo - Brasil

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